E você se preenchendo de si mesmo, não percebe o oco que existe no tom das coisas. Muito pouco há daquela suavidade antes transmitida pelos passos em dança, tudo se projeta em gritos, soluços de expulsão emocional. Velhos se equilibrando em pernas frágeis, as mesmas que se equilibram as crianças tentando o engatinho, um para o longe o outro, para mais ainda.
Permanece-se em voltas, no mesmo caminho infindável enquanto as luzes se apagam para a escuridão que é o sonhar. Novamente quase não se nota. Como a técnica de percorrer labirintos, não há técnica, apenas um mesmo desejo comum. É seguido um muro sempre igual, sempre igual, igual...não se encontra mais o começo, não se chega a um fim.
Mas tudo é o mesmo! As paisagens são aquelas de sempre e o agito das rodovias permanece igual, o céu está intacto, ainda que com ar de movimento apenas as nuvens passam, e se encontram, e se desmancham em chuva, e você em você.
Não adiantam os cálculos da exatidão, apenas a subjetividade das coisas. De nada importa a distância ou direção do caminhar, ao fim toda passagem se anula e o mesmo ponto de partida é cruzado, mesmo não se sabendo são dados muitos passos a lugar nenhum.
Adelle Silva
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