sexta-feira, 25 de maio de 2012

Bailarina, saudade de chumbo

     Tudo continua, mesmo depois que você vai embora.

    A música ainda tocava e as sapatilhas gastas permaneciam dançando a passos mortos. Uma valsa ao som de Blues, pliés em desalinho com as melodias que apenas diziam o que quiseram dizer. Não se sentia o mesmo, embora as notas as vezes acompanhassem. O corpo jogado e os pés se erguendo em ponta contorciam-se no dramático da Für Elise de tons agudos. Aguda também era a dor em escape pelo corpo.
    Fugiam as emoções nos toques de pé ao chão, nos rodopios e olhares baixos para a figura que corre contra os espelhos. Na parede o toque em deslize das mãos à procura do tátil e novamente os espelhos, mas dessa vez na direção oposta. Uma bailarina sabe quando não ir, quando não se pode mais. 
    Então ela parte, retira sua nostalgia de cena e guarda para si aquilo que sempre será a voz da sua dança: Uma saudade...

     ... de chumbo, de dor, de amor.
Adelle Silva

4 comentários:

  1. Lindo texto, lindo quando se corre do espelho.

    Beijo, Vini.

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    Respostas
    1. Quantas vezes fugimos a nossa própria imagem não é mesmo?
      Obrigada.

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  2. nossa que lindo!
    seu blog todo é muito delicados
    gostei muitos dos textos...
    bjsss

    te seguindo tbm!
    http://rob-umarosaazul.blogspot.com.br

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