segunda-feira, 7 de maio de 2012

Inverdades: O que você sempre me disse.

      Estávamos calados, caminhando sem destino, você frio e eu com a alma escapando pelas mãos. Quase não estava em mim. Você nem estava a se importar com meu sofrimento, era outra pessoa a quem eu nunca tinha conhecido.
       Fomos nos arrastando até um banco de uma praça na cidade sem luz. Tive que ouvir a sua dúvida e o quanto eu havia sido nada e o quanto você estava bem diante tudo aquilo. Não era nada para você. Anos perdidos em meses, por sua euforia, por alguém que nem bem conhecia e porque tão parecida a mim?
    Mas tenho que continuar assim, caminhando fora de meu eu, lendo nos letreiros dos caminhos que faço todo dia o seu nome, uma, duas, três vezes. E agora parece que todo mundo usa seu perfume, ou eu carrego seu cheiro fixado ao meu corpo, o seu gosto na minha saliva.
       Mas tenho que continuar assim, vendo a lua e todos os outros admirando a sua cor, forma. Eu pedindo para ela ir embora. A praia lembra você, as músicas nas ruas me lembram você. Sei que nem pensa mais em mim, tem uma outra opção agora. Eu só; achando linda a história dos alcatrazes.
        
    E sei que você sabe que ainda vou estar lá, naquele mesmo banco, parada no tempo esperando você voltar, se é que vais voltar. Ficarei então lá, por toda vida. 
Adelle Silva

                                                                                                                                           

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