quinta-feira, 7 de junho de 2012

Nada de constelações


            Depois das dez só ouço o silêncio do vazio de seus passos. Eles foram; mas só foram, nunca voltaram e não são eles os únicos vazios, eu também.

           Ainda é escuro, com tantas mãos que sei cobrirem os  nossos rostos, sufocando você em você e eu em mim. É, deveríamos estar mergulhados um no outro , mas  as vezes o mar corre  só, sem que tenhamos nos dado conta. E olhe, veja que irônico meu bem! Temos que continuar seguindo as mesmas águas que nem sempre apagam por completo nossos rastros. Até confesso, finjo as vezes ter deixado algumas pétalas esquecidas, querendo ver se você vem.

             Insisto em me enganar  depois de tantos desenganos.

           Apenas dois pontos sós, eu e você no meio das ruas, correndo caminhos contrários, cruzando as vezes as mesmas avenidas com destinos diferentes. Sinto que o tempo já nos levou e nem reconhecemos mais um ao outro no agora. Passado somos.

         'Quero que você seja feliz. Hei de ser feliz também.'

        Vou vagando na calada da noite, assistindo estrelas que só eu vejo cair. As vezes elas me veem cair também. Eu, nada de nós... nada de constelações!
Adelle Silva
[122ª Edição Musical do Bloínques]

Um comentário:

  1. Um pouco de solidão também nos traz força não é verdade? Ameeei!

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