domingo, 21 de abril de 2013

The Song Is Real

   Levantei os olhos e o céu era negro, apenas o cruzeiro do sul piscava trazendo uma sensação de algo que já não lembrava. Minhas memórias eram mortas. Sufocadas pelas horas que rápidas e sobre mim me fizeram louca. Sim, ser racional é ser insano. É ver o tempo apenas numericamente, sem as forças que nele se manifestam.

   Mas eu senti. Naquelas manhãs eu senti. Não pensei. Apenas senti. 
   
   Pensar é altamente destrutivo.

   Dei passos mudos, seguindo a trilha de concreto que traçaram cortando os formigueiros. Fui até você e mesmo sentado você também vinha a mim. Meus galhos contorcionistas, enrolavam-se em sua direção. E o silêncio  conseguia fazer muito barulho. Nunca foi preciso falar muito. Dizer as vezes é um atrapalhação, quase como pensar. Ouvia-se apenas a respiração e um riso que as vezes vinha. 

   A cena estava conectada à clareira que os ramos mais altos formavam com o passar do vento. As folhas também drenavam gotas da chuva que despencavam sobre minhas pálpebras. Talvez naquele momento o dia era quem pensava.  Este era um inverno em uma versão menos sombria... não haveria uma desconexão ao fim . Para as quatro estações, mais de três dias.

   As formigas escalavam preferivelmente você enquanto eu me sedia involuntariamente ao ciclo de vida dos pernilongos. Nos chamávamos com os olhos enquanto tudo acontecia ao redor. Eramos menos humanos e muito mais aquela natureza que por tantas horas observamos. 

    Um pássaro havia pousado naquela árvore. "On the way home", seu canto é real.

Adelle Silva

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