sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Multidões suicidas

      É passível de se entender sua realidade morta e sonhos inteiramente surreais. Você está no meio da multidão e todos os outros também estão. Mortos em um caminhar retilíneo, com seus passos atropelados e atropeladores. Não veem as formigas que trabalham a frente dos seus pés, não veem como elas se acabam bem abaixo das suas solas. O visível é tão somente o que se põe frente a seus olhos e eles precisam antes ter um querer pelo enxergar. Torpes, insanos, acometidos por esse blasé. Simmel jamais imaginaria a proporção do seu dito. 
      Eles continuam caminhando, sempre indo, vão se esfacelando, deixando aos poucos de ser... e vão não sendo, não vivendo... e já foram. Acabam-se como as formigas. Soterram-se por seus próprios pés.

Adelle Silva

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